quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

A DECADÊNCIA DOS "HERÓIS" DO PT: SOBRE A REALIDADE DE ALAGOAS

Em 2007, o então gerente de turno da semicolônia imperialista, Luís Inácio Lula (PT) chamou os usineiros, latifundiários da monocultura da cana para produção de açúcar e álcool, de “heróis da economia brasileira”. Com este comentário, Lula reforçou sua dependência ao sistema semifeudal existente no Brasil, ao  elogiar os descendentes dos antigos senhores de engenho, coronéis dos interiores do país, agora conhecidos como empreendedores do “agronegócio” ou simplesmente latifundiários de novo tipo.

Em Alagoas, os senhores de engenho que oprimiram por séculos os negros e índios desta terra durante o período da escravidão brasileira, se perpetuaram com a evolução tecnológica das indústrias sucroalcooleiras. A existência destas indústrias não diminuíram a exploração semifeudal dos trabalhadores na cidade e no campo. Os usineiros se tornaram financiadores da política oligárquica existente nos municípios alagoanos, quando não se lançam eles próprios aos cargos públicos apresentados no processo da farsa eleitoral do velho Estado.

Desde dos anos 90, os usineiros vinham em decadência, crises intermináveis acompanhadas de constantes ocupações realizadas por camponeses pobres em suas supostas propriedades rurais. O velho Estado por sua vez sempre favoreceu estes senhores a resistir as crises financeiras, concedendo empréstimos milionários para quitar dividas estratosféricas, julgamentos brandos e militares para conter as ocupações de terra.

Porém, entre os anos de 2013 e 2014, a situação se tornou insustentável. Mesmo com apelos ao Banco do Brasil para mais um empréstimo, nada foi adiante devido ao alto risco de mais um grande calote. O velho Estado não teve mais condições de acudir seus “herois”.

Quem sofreu foram as massas trabalhadoras com meses de salários atrasados, a pelegagem de seus sindicatos e a brutalidade da repressão policial. Os usineiros migraram para outras regiões do país onde possuem outros latifúndios que exploram outros trabalhadores de tantas outras formas.

Nas cidades, a política sofreu uma maquiação, políticos há muito desgastados com a figura de coronéis começaram a perder as eleições farsantes. Porém, os novos mandatários políticos não tardaram em amarrar seus bigodes com as velhas relações políticas semifeudais no estado de Alagoas.

A crise das usinas tem se agravado inclusive nos setores públicos. Com diminuição dos FPM’s (fundo de participação dos municípios), o programa Bolsa Família se tornou mais fragilizado. A esmola já não engana mais tanto quanto antes. No inicio de 2014, cidades pacatas como Atalaia e União dos Palmares sofreram inúmeras manifestações populares. O povo cobrava as casas prometidas depois da enchente de 2010, empregos, os salários atrasados das prefeituras, as garantias trabalhistas das usinas falidas, segurança, saúde, transporte, etc. De fechamentos de rodovias federais até ocupações de prefeituras, o povo têm lutado como há muito tempo não tinha se visto em Alagoas.

Um fato interessante é que em todas estas manifestações populares ocorridas em Alagoas, os partidos oportunistas, seus movimentos e sindicatos traidores foram escorraçados pela fúria popular.

Todos estes fatores reunidos, falência das usinas, crise nas prefeituras e desilusão com os partidos oportunistas, proporcionaram o maior rechaço a farsa eleitoral do estado de Alagoas. Como exemplo o próprio governador, Renan Filho (PMDB), que ficou em segundo lugar depois de receber menos votos do que os votos brancos, nulos e abstenções. Fato que também ocorreu com o ex-governador e ex-presidente Fernando Collor de Melo (PTB).

O que percebemos para o ano de 2015 é que o velho Estado vem aumentado a repressão contra o pequenos trabalhadores no campo e na cidade. Praticamente toda reintegração de posse no campo se faz uso da violência policial, na cidade é difícil existir um dia em que não tenha conflitos nas ruas do centro de Maceió entre PM’s e camelôs.


Os “heróis” de Lula não estão conseguindo salvar a própria pele dentro desta crise estrutural de seu sistema podre. O povo segue sua luta, por hora pode até está em relativa desvantagem devido ao grande aparato repressivo que o velho estado tem movimentado contra ele. Mas, logo as massas do campo e da cidade irão se erguer em fúria contra todas as injustiças cometidas contra os trabalhadores alagoanos e como um trovão numa noite fria romper os grilhões de classe que ainda nos escraviza.

(J. Santos)

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