Em
2007, o então gerente de turno da semicolônia imperialista, Luís Inácio Lula
(PT) chamou os usineiros, latifundiários da monocultura da cana para produção
de açúcar e álcool, de “heróis da economia brasileira”. Com este comentário,
Lula reforçou sua dependência ao sistema semifeudal existente no Brasil, ao elogiar os descendentes dos antigos senhores
de engenho, coronéis dos interiores do país, agora conhecidos como
empreendedores do “agronegócio” ou simplesmente latifundiários de novo tipo.
Em
Alagoas, os senhores de engenho que oprimiram por séculos os negros e índios
desta terra durante o período da escravidão brasileira, se perpetuaram com a
evolução tecnológica das indústrias sucroalcooleiras. A existência destas
indústrias não diminuíram a exploração semifeudal dos trabalhadores na cidade e
no campo. Os usineiros se tornaram financiadores da política oligárquica
existente nos municípios alagoanos, quando não se lançam eles próprios aos
cargos públicos apresentados no processo da farsa eleitoral do velho Estado.
Desde
dos anos 90, os usineiros vinham em decadência, crises intermináveis
acompanhadas de constantes ocupações realizadas por camponeses pobres em suas
supostas propriedades rurais. O velho Estado por sua vez sempre favoreceu estes
senhores a resistir as crises financeiras, concedendo empréstimos milionários
para quitar dividas estratosféricas, julgamentos brandos e militares para
conter as ocupações de terra.
Porém,
entre os anos de 2013 e 2014, a situação se tornou insustentável. Mesmo com
apelos ao Banco do Brasil para mais um empréstimo, nada foi adiante devido ao
alto risco de mais um grande calote. O velho Estado não teve mais condições de
acudir seus “herois”.
Quem
sofreu foram as massas trabalhadoras com meses de salários atrasados, a
pelegagem de seus sindicatos e a brutalidade da repressão policial. Os
usineiros migraram para outras regiões do país onde possuem outros latifúndios
que exploram outros trabalhadores de tantas outras formas.
Nas
cidades, a política sofreu uma maquiação, políticos há muito desgastados com a
figura de coronéis começaram a perder as eleições farsantes. Porém, os novos
mandatários políticos não tardaram em amarrar seus bigodes com as velhas
relações políticas semifeudais no estado de Alagoas.
A
crise das usinas tem se agravado inclusive nos setores públicos. Com diminuição
dos FPM’s (fundo de participação dos municípios), o programa Bolsa Família se
tornou mais fragilizado. A esmola já não engana mais tanto quanto antes. No
inicio de 2014, cidades pacatas como Atalaia e União dos Palmares sofreram
inúmeras manifestações populares. O povo cobrava as casas prometidas depois da
enchente de 2010, empregos, os salários atrasados das prefeituras, as garantias
trabalhistas das usinas falidas, segurança, saúde, transporte, etc. De
fechamentos de rodovias federais até ocupações de prefeituras, o povo têm
lutado como há muito tempo não tinha se visto em Alagoas.
Um
fato interessante é que em todas estas manifestações populares ocorridas em
Alagoas, os partidos oportunistas, seus movimentos e sindicatos traidores foram
escorraçados pela fúria popular.
Todos
estes fatores reunidos, falência das usinas, crise nas prefeituras e desilusão
com os partidos oportunistas, proporcionaram o maior rechaço a farsa eleitoral
do estado de Alagoas. Como exemplo o próprio governador, Renan Filho (PMDB), que
ficou em segundo lugar depois de receber menos votos do que os votos brancos,
nulos e abstenções. Fato que também ocorreu com o ex-governador e ex-presidente
Fernando Collor de Melo (PTB).
O
que percebemos para o ano de 2015 é que o velho Estado vem aumentado a
repressão contra o pequenos trabalhadores no campo e na cidade. Praticamente
toda reintegração de posse no campo se faz uso da violência policial, na cidade
é difícil existir um dia em que não tenha conflitos nas ruas do centro de
Maceió entre PM’s e camelôs.
Os
“heróis” de Lula não estão conseguindo salvar a própria pele dentro desta crise
estrutural de seu sistema podre. O povo segue sua luta, por hora pode até está
em relativa desvantagem devido ao grande aparato repressivo que o velho estado
tem movimentado contra ele. Mas, logo as massas do campo e da cidade irão se
erguer em fúria contra todas as injustiças cometidas contra os trabalhadores
alagoanos e como um trovão numa noite fria romper os grilhões de classe que
ainda nos escraviza.
(J. Santos)
Nenhum comentário:
Postar um comentário