sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

A POLÍTICA FASCISTA DO CORONELISMO E AS CONTRIBUIÇÕES DO OPORTUNISMO ELEITORAL EM ALAGOAS



Observando a sociedade alagoana e seu desenvolvimento social atrasado, representado principalmente pela existência do latifúndio e do coronelismo, é possível identificar o caráter fascista das ações realizadas pelos latifundiários e seus bandos armados, acobertados pelo velho Estado.

Muitas vezes o termo fascismo é vulgarizado, utilizado apenas para referirem-se as ditaduras burguesas militaristas, mas na verdade o fascismo é presente também nas ditaduras burguesas civis, ou nos regimes demo-liberais como acontecem no Brasil.

O aumento das ocupações militares em comunidades periféricas na cidade, das ações de despejo no campo e das prisões de ativistas políticos é um exemplo de fascismo dentro do velho Estado. O que caracteriza o fascismo é o poder policial que as instituições públicas, a mídia burguesa e as organizações políticas cada vez mais exercem contra a luta popular democrática.

Também é possível perceber a vulgarização do termo coronelismo, apresentado apenas como uma prática de compra de votos nas eleições farsantes, esta forma de apresentação é muito utilizada pelos partidos de “esquerda”, oportunistas eleitorais em geral e revisionistas do marxismo em particular.

O coronelismo, representado por um regime latifundiário. Onde o latifundiário ou o “coronel”, tem status de autoridade política, econômica e policial perante a sociedade semifeudal que se baseia, principalmente, na concentração da renda da terra de forma absoluta. Grandes propriedades rurais garantem o Poder de Estado ao coronel. Com este poder, financiam campanhas eleitorais farsantes, exploram as massas de camponeses pobres de forma semiserviu e executam torturas, prisões e assassinatos daqueles que se opõe aos seus interesses.

Os crimes cometidos pelos latifundiários e seus bandos armados, contra camponeses pobres em luta pela terra, poderia inaceitáveis para as leis do velho Estado, isso não acontece porque os crimes dos latifundiários coronelistas são complemento da política opressora das classes exploradoras da sociedade semifeudal alagoana. O que caracteriza a política fascista do coronelismo é sua relação de poder, principalmente, como autoridade policial e judiciária, consentida pelo velho Estado. 

O Estado e suas instituições, dentro da semifeudalidade alagoana, existem apenas para assegurar o poderio dos coronéis. Quando os coronéis devem milhões, o executivo e o legislativo disponibilizam os recursos públicos para salvá-los. Sempre que uma grande propriedade rural é ocupada por famílias camponesas, mesmo sem nenhuma comprovação que legitime sua propriedade, a “justiça” envia tropas militares para despejar as famílias e destruir suas produções em favor dos latifundiários. Mesmo quando os coronéis e seus bandos armados realizam algum crime, na maioria das vezes são inocentados, no máximo não são responsabilizados diretamente, sempre existe um pistoleiro para servir de “bode expiatório” em troca de dinheiro.

Os oportunistas eleitorais atuam em várias organizações de trabalhadores no campo e na cidade, criticam as compras de votos pelos coronéis e a formação de seus “currais eleitorais”. No fundo, fazem isso, porque invejam os coronéis e não conseguem fazer o mesmo. Estes oportunistas tentam formam seus próprios currais eleitorais no seio do movimento popular. Posam de “lutadores do povo”, mas seguem os mesmos princípios políticos das classes que oprimem o povo alagoano. Acreditam que irão acabar com o coronelismo através de eleições farsantes, dirigidas pelo velho Estado que serve aos interesses dos latifundiários, e desprezam a luta camponesa em pleno estado de Alagoas.

Se a base do coronelismo é essencialmente a renda da terra na forma do sistema latifundiário, para acabar com o coronelismo precisa-se lutar para destruir o latifúndio e estabelecer uma Nova Democracia a partir do campo. É no campo onde as contradições com o coronelismo são mais evidentes e onde existe a massa de trabalhadores com mais disposição para destruir o poderio deste sistema opressor, o campesinato.

A maioria dos movimentos de luta pela terra em Alagoas defende a linha política da Reforma Agrária. Esta linha política vem tomando uma direção cada vez pior. Primeiro, defendia que; “A luta pela terra se conquista na cidade”. João Pedro Stedile, presidente do MST e principal representante da política reformista, já afirmou que; “Ocupar terra não soma mais aliados”.

O campesinato alagoano sofre com o oportunismo eleitoral em suas direções. Estas direções oportunistas, atuam como conciliadores da luta de classes, melhor do que a própria polícia. Fazem discursos inflamados pelos direitos do povo, mas não preparam nenhuma luta de forma combativa pela resistência camponesa, antes se esforçam para disseminar o terror na cabeça dos camponeses e fazê-los desistir das lutas radicais, na ânsia por negociar “soluções pacificas” que rendem elogios e dinheiro dos coronéis.

O oportunismo eleitoral fortalece a permanência do sistema latifundiário, do coronelismo e da semifeudalidade no estado de Alagoas, porque não busca destruir as relações atrasadas que sustentam todas estas formas de opressão, estão mais interessados em fazer demagogia no máximo assistencialismo. Todo oportunista eleitoral é um sabotador da luta popular, seja no campo ou na cidade.

A massa camponesa, mesmo de forma inconsciente, sabe que não vão ser eleições farsantes que vão destruir o coronelismo nem que as lutas principais serão na cidade. O que precisa é tomar todas as terras dos coronéis e combatê-los onde o poder do velho Estado é relativamente mais fraco, no campo. Apenas a combatividade dos camponeses alagoanos poderá por um fim no coronelismo e em suas ações fascistas, abrindo um novo tempo para transformações sociais cada vez mais profundas. Para tanto, é indispensável combater o oportunismo eleitoral no seio das organizações populares, principalmente no movimento camponês.


J. Santos

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