Observando a sociedade
alagoana e seu desenvolvimento social atrasado, representado principalmente
pela existência do latifúndio e do coronelismo, é possível identificar o
caráter fascista das ações realizadas pelos latifundiários e seus bandos
armados, acobertados pelo velho Estado.
Muitas vezes o termo fascismo
é vulgarizado, utilizado apenas para referirem-se as ditaduras burguesas
militaristas, mas na verdade o fascismo é presente também nas ditaduras
burguesas civis, ou nos regimes demo-liberais como acontecem no Brasil.
O aumento das ocupações
militares em comunidades periféricas na cidade, das ações de despejo no campo e
das prisões de ativistas políticos é um exemplo de fascismo dentro do velho
Estado. O que caracteriza o fascismo é o poder policial que as instituições
públicas, a mídia burguesa e as organizações políticas cada vez mais exercem
contra a luta popular democrática.
Também é possível perceber a
vulgarização do termo coronelismo, apresentado apenas como uma prática de
compra de votos nas eleições farsantes, esta forma de apresentação é muito
utilizada pelos partidos de “esquerda”, oportunistas eleitorais em geral e
revisionistas do marxismo em particular.
O coronelismo, representado
por um regime latifundiário. Onde o latifundiário ou o “coronel”, tem status de autoridade política, econômica e policial
perante a sociedade semifeudal que se baseia, principalmente, na concentração
da renda da terra de forma absoluta. Grandes propriedades rurais garantem o
Poder de Estado ao coronel. Com este
poder, financiam campanhas eleitorais farsantes, exploram as massas de
camponeses pobres de forma semiserviu e executam torturas, prisões e
assassinatos daqueles que se opõe aos seus interesses.
Os crimes cometidos pelos
latifundiários e seus bandos armados, contra camponeses pobres em luta pela
terra, poderia inaceitáveis para as leis do velho Estado, isso não acontece
porque os crimes dos latifundiários coronelistas são complemento da política
opressora das classes exploradoras da sociedade semifeudal alagoana. O que
caracteriza a política fascista do coronelismo é sua relação de poder,
principalmente, como autoridade policial e judiciária, consentida pelo velho
Estado.
O Estado e suas instituições,
dentro da semifeudalidade alagoana, existem apenas para assegurar o poderio dos
coronéis. Quando os coronéis devem
milhões, o executivo e o legislativo disponibilizam os recursos públicos para
salvá-los. Sempre que uma grande propriedade rural é ocupada por famílias
camponesas, mesmo sem nenhuma comprovação que legitime sua propriedade, a “justiça” envia tropas militares para
despejar as famílias e destruir suas produções em favor dos latifundiários. Mesmo
quando os coronéis e seus bandos
armados realizam algum crime, na maioria das vezes são inocentados, no máximo
não são responsabilizados diretamente, sempre existe um pistoleiro para servir
de “bode expiatório” em troca de
dinheiro.
Os oportunistas eleitorais atuam
em várias organizações de trabalhadores no campo e na cidade, criticam as
compras de votos pelos coronéis e a formação
de seus “currais eleitorais”. No
fundo, fazem isso, porque invejam os coronéis e não conseguem fazer o mesmo. Estes
oportunistas tentam formam seus próprios currais
eleitorais no seio do movimento popular. Posam de “lutadores do povo”, mas
seguem os mesmos princípios políticos das classes que oprimem o povo alagoano. Acreditam
que irão acabar com o coronelismo através de eleições farsantes, dirigidas pelo
velho Estado que serve aos interesses dos latifundiários, e desprezam a luta
camponesa em pleno estado de Alagoas.
Se a base do coronelismo é
essencialmente a renda da terra na forma do sistema latifundiário, para acabar
com o coronelismo precisa-se lutar para destruir o latifúndio e estabelecer uma
Nova Democracia a partir do campo. É no campo onde as contradições com o
coronelismo são mais evidentes e onde existe a massa de trabalhadores com mais
disposição para destruir o poderio deste sistema opressor, o campesinato.
A maioria dos movimentos de
luta pela terra em Alagoas defende a linha política da Reforma Agrária. Esta
linha política vem tomando uma direção cada vez pior. Primeiro, defendia que; “A luta pela terra se conquista na cidade”.
João Pedro Stedile, presidente do MST e principal representante da política
reformista, já afirmou que; “Ocupar terra
não soma mais aliados”.
O campesinato alagoano sofre
com o oportunismo eleitoral em suas direções. Estas direções oportunistas,
atuam como conciliadores da luta de classes, melhor do que a própria polícia.
Fazem discursos inflamados pelos direitos do povo, mas não preparam nenhuma
luta de forma combativa pela resistência camponesa, antes se esforçam para
disseminar o terror na cabeça dos camponeses e fazê-los desistir das lutas
radicais, na ânsia por negociar “soluções
pacificas” que rendem elogios e dinheiro dos coronéis.
O oportunismo eleitoral
fortalece a permanência do sistema latifundiário, do coronelismo e da
semifeudalidade no estado de Alagoas, porque não busca destruir as relações
atrasadas que sustentam todas estas formas de opressão, estão mais interessados
em fazer demagogia no máximo assistencialismo. Todo oportunista eleitoral é um
sabotador da luta popular, seja no campo ou na cidade.
A massa camponesa, mesmo de
forma inconsciente, sabe que não vão ser eleições farsantes que vão destruir o
coronelismo nem que as lutas principais serão na cidade. O que precisa é tomar todas
as terras dos coronéis e combatê-los
onde o poder do velho Estado é relativamente mais fraco, no campo. Apenas a
combatividade dos camponeses alagoanos poderá por um fim no coronelismo e em
suas ações fascistas, abrindo um novo tempo para transformações sociais cada
vez mais profundas. Para tanto, é indispensável combater o oportunismo
eleitoral no seio das organizações populares, principalmente no movimento
camponês.
J. Santos
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