sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

SOBRE A REALIDADE CUBANA



      I.        Que tipo de Revolução existiu em Cuba?

Até o presente momento o povo cubano já realizou duas grandes lutas por libertação do seu povo. A independência do colonialismo espanhol (xxxx) e a libertação do julgo imperialista norte-americano (1957). 

A luta por Libertação Nacional que existiu em Cuba, apesar de seguir um desvio militarista, pode ser dividida em dois pontos:

MILITAR; Guerra de guerrilhas, com participação massiva de camponeses pobres, tendo como base a reforma agrária e a soberania nacional;

POLÍTICO; Apoio de setores independentes da Burguesia Nacional e da Pequena Burguesia – Médicos, Engenheiros, Advogados, Professores e Estudantes;

O Partido Comunista de Cuba (PCC) criticou a luta armada pela libertação nacional até o momento que esta se tornou irreversível e vitoriosa. Uma posição no mínimo oportunista.

As dificuldades em aplicar o socialismo científico ao Estado que se formou após a sua Libertação Nacional, impossibilitou que Cuba desenvolvesse diversos aspectos de sua sociedade, inclusive nas contribuições internacionais para as lutas do proletariado.

    II.        Que tipo de Estado se formou em Cuba após a Libertação Nacional?

O PCC se aproximou do Governo Revolucionário para intermediar as conversações com a URSS revisionista, uma vez que o próprio PC de Cuba também já havia traído o comunismo bem antes do triunfo da Libertação Nacional.

Antes de Cuba conquistar sua liberdade, frente a ditadura civil-militar de Batista/EUA, em 1956, houve o XX Congresso do PCUS onde Krushov traidor iniciou sua campanha de difamação contra a memória do camarada Stalin e a restauração capitalista no Estado soviético.

Naquele momento histórico, os revisionistas, falsos comunistas, traidores da revolução que dirigiam o PCUS estavam mais preocupados em rivalizar economicamente com as potencias imperialistas, principalmente os EUA, do que incentivar e apoiar as revoluções do proletariado internacional.

Em 1957, Cuba se liberta do julgo imperialista e busca apoio na URSS, que já se encontrava na condição de social-imperialista. Porém, a exploração semifeudal e semicolonial permanece inalterada para o povo cubano, principalmente para os camponeses pobres.

O revisionismo, na cabeça do Estado revolucionário de Cuba, apontava a luta contra o imperialismo como a contradição principal nos países da América Latina. Mas, jamais se preocupou em estudar que as contradições internas de cada nação, como a existência do latifúndio e a exploração semifeudal, são as que permitem a exploração semicolonial do imperialismo. Por isso, todas as investidas políticas e militares do Estado cubano, em apoio às lutas dos povos latino americanos, não vingaram.

   III.        Como o Capitalismo Burocrático permaneceu e se desenvolveu na sociedade cubana?

Duas coisas contribuíram seriamente para a manutenção do atraso social cubano; Primeiro, não solucionou o problema da questão agrária; Segundo, sua referência política e ideológica de Estado Socialista estava vivenciando uma restauração capitalista;

Cuba deixou de ser uma nação explorada pelo imperialismo dos EUA, que financiava uma ditadura fascista no país, para ser uma nação explorada pelo social-imperialismo da URSS, que vivia uma restauração capitalista.

De 1959 a 1963, aconteceram as expropriações das grandes propriedades, a distribuição de pequenas propriedades para os camponeses pobres sem terra e a criação de setor estatal responsável pela agricultura.

De 1963 a 1970, implanta-se um modelo agrícola exclusivo para servir aos interesses do mercado da URSS revisionista. Este modelo foi chamado de “Adequações Socialistas”. O aumento de cultivo da cana de açúcar para atingir 10 milhões de toneladas, com finalidade de exportação. Com isso a soberania alimentar ficou debilitada, a democracia da terra limitada, pois os camponeses tinham a posse da terra, mas não podiam decidir o que plantar nela.

A partir de 1970 a URSS começa a diminuir os contratos econômicos com o Estado cubano e isso prejudica a safra da cana. Porém, diante desta crise produtiva, inicia-se uma extensão tecnológica. O governo defendia que isto serviria para evitar a exploração dos trabalhadores e evoluir a produção ostensiva, mas na prática serviu com um filtro, onde quem não se adequou as novas tecnologias teve que entregar suas pequenas posses para os dirigentes estatais.

Entre 1975 a 1985 houve a criação de um novo sistema agrícola, com uma economia centralizada pelo Estado, ou seja, a política agrícola era determinada pelos dirigentes cubanos localizados em Havana, enquanto os camponeses pobres perdiam suas terras e quando as tinha não decidia sobre a mesma. Isso permitiu que voltasse a existir um sistema latifundiário, sustentado pela gerência estatal de uma Burguesia Burocrática emergente.

De 1985 a 1993, uma tentativa de retificação. Ao que parece, existiu uma luta dos setores mais honestos do Estado cubano contra o aparecimento de velhas opressões no seio da sociedade. Abriu-se a campanha pela “Retificação dos erros” (nos setores produtivos) e contra as “Tendências negativas” (nos setores políticos e econômicos). Até no momento de uma luta tão importante, as intervenções vieram de maneira tímida. A vaidade dos honestos não contribuiu para o combate ao oportunismo dentro do Estado cubano.

No período atual, Cuba volta a discutir a superação de sua crise produtiva. Mas, não se discute suas questões políticas e ideológicas. Por exemplo, como permitiram a volta do gamonalismo (coronelismo no Brasil), ainda mais sustentado por setores do próprio Estado?

A Burguesia Burocrática que emergiu em Cuba durante o seu “Regime Socialista”, enriquecendo a partir das explorações semiservis, proporcionadas pelo próprio Estado cubano. Por exemplo, Na exaustão das forças produtivas, sem nenhuma tecnologia, para servir aos interesses social-imperialista da URSS; Na falta de liberdade das famílias camponesas decidirem sobre suas produções; Nas expropriações dos pequenos camponeses e no favorecendo a existência dos latifúndios cooperativados;

Acredita-se que a chegada de Raul Castro ao poder tenha representado a virada da Burguesia Burocrática dentro do Estado cubano. Desde 2008, desenvolve-se uma descentralização da política agrária em Cuba. As cooperativas, que formam latifúndios estatais e exploram mão de obra semiserviu, estão sendo divididas entre grupos de poder locais.

A Grande Burguesia cubana não quer mais apenas explorar a renda da terra e os poucos recursos estatais, ela quer especular sobre estes setores já existentes e desenvolver novas formas de exploração. Ela não quer ser apenas Burocrática, também quer ter status de Compradora e sabe que isso só será possibilitado com a presença do Capital estrangeiro explorando o país novamente.

  IV.        O que significa esta “reconciliação” entre Cuba e EUA?

Mesmo não sendo um Estado Socialista, mas sim um Estado Libertado do Imperialismo, esta “reconciliação” entre Cuba e EUA é um ato de capitulação frente ao imperialismo. O país voltará a sua antiga condição de país semifeudal, com uma economia agrária, com sistema de latifundiário gamonalista (coronelista) e semicolonial, subserviente aos mandos políticos e econômicos dos EUA, sem autoridade para decidir sobre os rumos de sua própria nação; 

O diferencial de já ter sido um Estado que se libertou do julgo imperialista e ter capitulado, sem ter avançado na construção do socialismo científico, elevou os sacrifícios que as próximas gerações de revolucionários cubanos terão que enfrentar. Mas, isso tudo não intimida a necessidade histórica de transformação da humanidade. O povo cubano saberá responder, no tempo certo, a esta capitulação de sua luta histórica por um Novo Mundo.

As vitórias do proletariado, na luta por sua libertação e destruição de todas as formas de opressão, são iguais o ato de semear, ás vezes semeamos revoluções proletárias e libertadoras, mas nem sempre colhemos Socialismo Científico. Por isso, é necessário manter a Luta de Classes, inclusive no Estado Socialista, realizando quantas revoluções culturais forem necessárias. Não teremos uma Nova Economia se não tivermos uma Nova Política e uma Nova Cultura, defendidas pelo proletariado através de seu Partido de Classe, seu Exercito e sua Frente Única, isso serve para Cuba e todos os países latinos.

Viva ao povo cubano!
Abaixo a capitulação do Estado cubano!
“Hasta la vitória siempre”



J. Santos

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